Luandro

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É Preciso Acreditar!


Esta crõnica singela fundamenta-se em fato contado pela cidade: verdadeira parábola de Jesus.

 
  Uma viagem de ônibus. Meio da tarde. De repente, cores cinzentas foram salpicadas pelo céu. Por certo, de vez em quando, Deus acha que o azul é belo demais, para nós: tão insensatos temos sido. Logo envia seus anjos que pedem às nuvens ameaçadoras que cumpram seu papel e nos ensinem que nada somos ante a grandeza divina. Um temporal ameaçador se desenhava no espaço.
  Enquanto isso, no rosto das pessoas viajavam a solidão, as mãos vazias, a infelicidade, o tudo e o nada se misturavam, na superficialidade ancorada nas últimas folhas de argumentos à toa, passatempo de tantos que assim enfrentam o seu dia. Eu também ali estava, com os sonhos sempre à porta do coração, tentando encontrar em cada pássaro que, às pressas, escondiam-se nas poucas moradias de galhos verdes que lhes deixaram nas grandes cidades, uma razão para meu dia.
  Minha atenção, no entanto, foi despertada por um homem repleto de envelopes de laboratório, acompanhado de um pequeno garoto, de grandes e faiscantes olhos, mas que nada falava. Parecia ser filho daquela triste criatura, taciturna, olhos baixos, como a procurar pelo chão do coletivo alguma coisa que se perdera.
 De repente, entra um rapaz de pouco mais de vinte anos. Não queria vender nada. Seu objetivo era dar um testemunho de que sua igreja – o nome omito, em respeito a todas - o libertara das drogas. Ele, embora modestamente vestido, mostrava, com orgulho, sua carteira de trabalho e ajoelhando-se agradecia a Deus.
  Indiferentes alguns passageiros continuaram a sua rotina. Rotina nos atos e nos corações. Outros, aborrecidos, diziam:
- Já chega, cara!
- Vai-te com Deus! (Apenas para dele se livrarem).
  O motorista e o trocador pareciam sequer vê-lo, desfilando fios e fios de conversa sobre as dificuldades que ainda tinha pela frente até o termino de sua missão.
  Mas, de um instante para o outro, o homem que o menino acompanhava foi tomado de fúria. Parecia que tudo que perdera estava à frente dele, na figura do rapaz. E, aos gritos, mandava:
- Vai embora, seu... , se Deus existisse eu não estava aqui.
- Olha eu estou armado! Você não sabe quem eu sou!
- “Mete o pé.”
O rapaz tentou argumentar que Deus estava presente também na vida dele. Isto o deixou ainda mais enraivecido.
- Se Deus existisse, este menino já devia falar. Nada...nada adianta! Ele continua mudo!
- Vai para o quinto dos infernos com esse teu Deus!
  Levantou-se e foi em direção do rapaz. Claro que, nesse momento, não havia um só passageiro que não se interessasse e se manifestasse. Alguns, com um riso sardônico, como agradecendo pelo triste incidente, pois teriam o que contar. Outros, bem poucos, tentavam segurara o homem. Era iminente uma tragédia.
Quem se levanta, agora, é o garotinho que, passando, por entre as pernas dos adultos, pela primeira vez, lívido de pavor, diz:
`- Papai, não faz isso!
   Ao ver o filho falar, o homem deixa-se cair ao chão e chora um pranto retido pelos anos de luta.
    Ajoelha-se e agradece a Deus, repetindo, sem parar:
- Eu não acreditava! Eu não acreditava! Eu não acreditava!
- Perdão!
  Jesus interveio, com sua luz, pela maviosa   voz de uma criança!









 
Luandro
Enviado por Luandro em 20/01/2012
Alterado em 20/01/2012


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