Luandro

Muitas coisas para escrever...

Textos

Meu Querido Filho,

Carta que o correio do coração insiste em não entregar. É Natal, como seria bom ter você de volta! É so prece!

És um ótimo profissional. Um engenheiro competente. A sorte não te deu ainda a companheira que espalhe sua força em tua vida. Já tentaste. Uma louca paixão varreu tua vida, como fonte cristalina, mas, em verdade, era de água turvas. Fizeste tua vontade. Até hoje, sei apenas que ficaste marcado e teu sorriso nunca mais foi o mesmo, embora nada fales.
Outras pessoas passaram por tua vida, algumas longo tempo. Porém, ainda estás só no coração. Eu respeito a tua privacidade. Nada pergunto.
Aliás, é disso que quero falar-te.
Mudaste tanto. No tempo da Vó e do Vô eras outro. Sempre alegre, planejando. momentos deliciosos em família. Sonhavas os teus sonhos e eu contigo.
Como dizias:
- Que bom, mamãe! Chegou antes do pôr-do-sol.
Eu bem sei que sempre trabalhei demais, não bastava o dia, ainda dava aula à noite.
Filho, querido, assim te criei e nada peço ou pedi. Assim, cuidei de minha mãe e de meu padrasto, na doença de ambos.( Lembra que da perda da vovó).
Abri mão de um maravilhoso emprego público, em Brasília, quando você tinha quatro anos, na turbulência de uma separação cruel, mas necessária. Era muita tristeza que insistia em ficar e tu precisavas de proteção.
Aqui, tudo refiz, ou melhor, juntei pedaços e continuei, com rígidas cobranças em casa, sobretudo por ainda só ter vinte e poucos anos. Mas continuei a estudar me preparar. Isolei-me. Deixei o mundo passar à margem.
De redatora a executiva-geral. Uma vida entregue e tantas oportunidades perdias.
Há alguns anos, tudo mudou. Fui obrigada a optar entre o ter e não-ter, é o que posso dizer-te.
Filho, sempre te abençoando,
O quero perguntar é por que mudaste tanto comigo? Por que ficaste tanto tempo longe. Todos se afastaram de mim, até você. O que houve? Eu sou, hoje, uma simples professora, que continua a trabalhar muito.
Minha vida afundou. No entanto, eu continuo te amando e pedindo sempre...sempre a Deus que te faça perenemente feliz.
Por que falas comigo só o necessário? Por que não há diálogo? Eu sei que com teus amigos és sorridente e muito afável.
Por que nunca perguntas, quando te ligo e indago como estás, se eu estou bem?
Filho, não temas, eu não vou te mandar esta carta.
O teu futuro será muito feliz.
Isto é o que eu sinto, mas que nunca pergunto, pois sei que nunca compreendeste por que minha vida não é mais a mesma. Se ainda mistura o pranto ao sorriso no trabalho isto só tem importância para mim. Aprendi que ninguém quer ouvir o outro falar de problomas. Vocé, meu querido, também.

Um beijo abençoado,

Sua mãe.



Luandro
Enviado por Luandro em 17/12/2011


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras