QUEM ACENDEU AQUELA VELA?
O SER HUMANO VIVE SUSTENTANDO APENAS POR FIO INVISÍVEL QUE DESCE DAS MÃOS DE DEUS. ESSE É O EIXO AO REDOR DO QUAL ESTÁ O TEMPO. É TEMERÁRIO FAZER ALUSÃO A TAIS MISTÉRIOS. MAS, O QUE SE VAI NARRAR BEM DEMONSTRA A FUGACIDADE DE CADA MOMENTO. A ETERNIDADE INSERE-SE NO TEMPO, CABENDO-NOS APENAS AVANÇAR, HUMILDES, PARA ESSA LUZ DE QUE NADA ENTENDEMOS. CERTO DIA, EM UM DOS TERRIVEIS TEMPORAIS QUE COSTUMAM CAIR SOBRE O RIO DE JANEIRO, NOS ARREDORES DE UM SUBÚRBIO QUE AINDA EXISTE COM O MESMO NOME, UMA FAMÍLIA, LIMITADA À MÃE E A UM PEQUENO MENINO, OUVIU FORTES E DESPERADAS BATIDAS NA PORTA DA HUMILDE - MUITO HUMILDE- CASA EM QUE VIVIAM. ERA TARDE! QUASE MEIA NOITE... ASSUSTADA A SENHORA FOI ATENDER (É BOM DIZER QUE O RIO AINDA NÃO ERA A IMAGEM DA VIOLÊNCIA DE HOJE, MAS A SEMENTE JÁ EXISTIA. ALÉM DISSO, O GRANDE PASTOR DA LUZ IMORTAL SEMPRE FAZ COM QUE NÃO SEJAMOS INDIFERENTES A QUEM ESTÁ PERTO DOS VALES SOMBRIOS DA MORTE OU POR ELES JÁ PASSEIA, MESMO SEM SABER. AO ABRIR A PORTA, A JOVEM SENHORA DEPAROU-SE COM O RIACHO PERTO DA CASA QUASE TRANSBORDANDO E A PONTE DE MADEIRA QUE A LEVARIA AO OUTRO LADO QUASE COBERTA PELA ÁGUA. À SUA FRENTE, UM HOMEM DE POUCO MAIS DE TRINTA ANOS, BEM FORTE, MAS PROFUNDAMENTE FERIDO. SANGRAVA MUITO. GEMIA COM DOR PROFUNDA E PEDIA, POR TUDO, QUE NÃO O ABANDONASSE. NÃO FARIA MAL A NINGUÉM. DIZIA LEONARDO DA VINVI” O MOMENTO, O AQUI E O AGORA É O COMO A ÁGUA DO RIO NA QUAL MERGULHAMOS O DEDO NA PRIMEIRA E A QUE DELA CHEGA, A ÚLTIMA QUE SAI.” É UM INSTANTE QUE NINGUÉM PODE SEGURAR. PASSADO O PRIMEIRO IMPACTO, AQUELA MULHER, EM SUA HUMILDADE EXTREMA, PEDIU QUE O HOMEM SE DEITASSE EUM SOFÁ - O ÚNICO EXISTENTE – PEGOU ÁGUA QUENTE, TOALHAS E PANOS BRANCOS QUE AINDA ESTERILIZOU E FEZ UM CURATIVO DA FORMA QUE SABIA. SUA MÃO PARECIA, NAQUELE MOMENTO, TER UMA DESTREZA ESTRANHA, JÁ GUIADA PELO CRIADOR, QUE CHEGA A TODAS AS CRIATURAS, COM TODO O SEU AMOR, EM UM VERDADEIRO PRELÚDIO DA ETERNIDADE. LOGO DEPOIS, DEU UM CHÁ FORTE ÀQUELE HOMEM CUJO NOME NÃO SE ATREVIA A PERGUNTAR. NO ENTANTO, ELE DISSE: - EU QUE TANTO ANDEI AFASTADO DE DEUS, AQUI O ENCONTREI. TU DEVES ENXERGÁ-LO. ESTAVAS TÃO PERTO DELE QUANDO ME FIZESTE ESTE CURATIVO. NÃO LONGE DALI, O MENINO, TUDO OLHAVA, ESPANTADO. LOGO EM SEGUIDA, O HOMEM LEVANTOU-SE PARA IR EMBORA. - JÁ DEVEM ESTAR ME PROCURANDO. MAS, O SENHOR NÃO ESTÁ BEM PARA ANDAR, DISSE A DONA DA CASA. S EM NADA MAIS PERGUNTAR SOBRE A VIDA DO DESCONHECIDO. - TENHO QUE IR.PAROU UM POUCO DE CHOVER. PRECISO ATRAVESSAR AQUELA PONTE. NUNCA, ENTRETANTO, ESQUECEREI DE TEU OLHAR LIMPO, QUE SOUBE PERCORRER OS CAMINHOS DO BEM E NÃO SE INTIMIDOU FRENTE À IMPERFEIÇÃO MORAL DE QUE SOU PORTADOR. A MULHER APENAS DISSE: - PROCURA OUTRO CAMINHO QUE NÃO SEJA ESSE. DEUS TE OFERECEU ESSE TEMPO . - ESTÁS ENGANADA. NÃO ESTOU BEM. PRECISO IR. MAS, SE ALGUM DIA, COMO O DE HOJE, QUANDO ALGUM TEMPORAL VERGASTAR A TUA CASA LEMBRA-TE DE QUE UMA ALMA , EMBORA IMPURA, PEDIRÁ POR TI E TE AJUDARÁ DE ALGUMA MANEIRA, COMO COMIGO FIZESTE. PASSOU-SE MUITO TEMPO. NÃO HAVIA O PESO DAS NOTÍCIAS OU O ACESSO A ELAS. NUNCA MAIS AQUELA MULHER SOUBE DAQUELE HOMEM FERIDO. OUTRO TEMPORAL –NA DÉCADA DE OITENTA- ABATEU-SE SOBRE O RIO.O FILHO JÁ QUASE ADOLESCENTE, VIU QUE A CASA ESTAVA CHEIA D’ÁGUA. PRECISAVAM SAIR RÁPIDO. OS BARULHO DOS CARROS DE BOMBEIROS ERA ININTERRUPTO. ELA ABRIU A PORTA O RIACHO TRANSBORDARA. PARECEU-LHE QUE ESTAVA DIANTE DO MESMO MOMENTO DE ANOS ATRÁS. A DIFERENÇA É QUE , NESTE ERA O TEMPORAL AINDA MAIS GRAVE, NÃO SÓ PELO VOLUME DE CHUVA, COMO TAMBÉM PELA POLUIÇÃO QUE ERA INTENSA E ESPALHAVA PARA FORA DO LEITO DO RIO SÓ DETRITOS INFECTOS. NAQUELE MOMENTO, ELA LEMBROU DO SENHOR DO UNIVERSO E DAQUELE HOMEM INFELIZ QUE UM DIA BATERA À SUA PORTA. PEDIU, NA IMPERFEIÇÃO DE QUE SOMOS PORTADORES, QUE ALGUÉM A AJUDASSE A ATRAVESSAR O QUE RESTAVA DA VELHA PONTE: ÚNICA MANEIRA DE SALVAR A ELA MESMA E AO FILHO. SEM SE INTIMIDAR COM A ANGÚSTIA QUE LHE INVADIA O SER E O PAVOR DO MENINO, PEGOU O BÁSICO E DIRIGIU-SE À PONTE. NÃO VIA NADA. SÓ CLAMAVA, EM FORMA DE PALAVRAS E SONS QUE ECOAVAM E SE PERDIAM EM MEIO À TEMPESTADE. UMA CENA DIFÍCIL DE DESCREVER. DE REPENTE, SURGIU, SEM QUE VISSE NINGUÉM A SEGURÁ-LA, SEM NADA PARA IMPEDIR QUE O FORTE TEMPORAL A APAGASSE, UMA VELA SOBRE A PONTE, APONTANDO O CAMINHO MENOS PERIGOSO SOBRE AS VELHAS TÁBUAS. LEMBROU-SE, ENTÃO, DA PROMESSA DAQUELE HOMEM QUE UM DIA SOCORRERA. AQUELA VELA ERA A COMUNHÃO COM O MISTÉRIO MAIOR, SUSTENTADA E CONSERVADA PELO DIVINO. ENTÃO, ELA COLOCOU OS PÉS SOBRE A PONTE COM UMA TRANQUILIDADE QUE VINHA NÃO SE SABE DE ONDE. A VELA ACOMPANHAVA MÃE E FILHO. SÓ SE APAGOU NO FINAL DO TRAJETO, ONDE OUVIU O FALAR DE OUTRAS PESSOAS QUE DIZIAM TER SIDO LOUCA DE ATRAVESSAR DAQUELA FORMA. - MAS...MAS ... A LUZ ME GUIOU. - QUE LUZ? EU SÓ VI ESCURIDÃO. UMA PESSOA LHE DISSE: - QUE LUZ, VOCÊ VEIO EM LINHA RETA, DESVIOU-SE, ATÉ, DO LUGAR QUE NÃO TINHA MAIS TÁBUAS. EU NÃO SEI COMO VOCÊ FEZ. ASSIM, ATRAVESSOU A PONTE, VIVIFICADA PELO SOPRO DE AMOR QUE DEUS PERMITIU E QUE, ATÉ HOJE, NÃO PRECISA SER EXPLICADO. SÓ SENTIDO. SOUBE, DEPOIS, QUE O CORPO DAQUELE HOMEM FORA ENCONTRADO, BOIANDO, NAQUELE MESMO CÓRREGO, AQUELA NOITE. COMO ELA O RECONHECEU? PELO FERIMENTO, JÁ CICATRIZADO. Luandro
Enviado por Luandro em 08/06/2017
Alterado em 12/06/2017 |